De “Olho vivo” no minério dos brasileiros

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O Brasil pode ter monopólio de um dos raros metais do mundo, já que possui 98% das reservas conhecidas do Nióbio. Até hoje, não temos uma política específica para o mineral, embora nossas exportações em 2012 tenham gerado US$ 1,8 bilhões. Nosso País detém as maiores reservas conhecidas de nióbio (98,43%), seguido pelo Canadá (l,ll%) e Austrália (0,46%). As nossas jazidas conhecidas estão em Minas Gerais (75,08% – Araxá e Tabira), Amazonas (21,34% – São Gabriel da Cachoeira e Presidente Figueiredo) e em Goiás (3,58% – Catalão e Ouvidor). Esse valioso mineral é usado principalmente na produção de ligas de aço de resistência, com aplicações na construção civil, na indústria mecânica, aeroespacial, naval, automobilística e nuclear, entre outras. Toda a produção brasileira de nióbio está concentrada na mão de três empresas: a CBMM, controlada pelo grupo Moreira Salles – fundadores do UNIBANCO – ; a Mineração Catalão de Goiás, controlada pela britânica Anglo American e a canadense Iamgold.

A CBMM é a empresa líder do mercado de nióbio, respondendo por 80% da produção mundial. Em seguida, estão a canadense Iamgold, com participação de 10%, e a Anglo American, com 8%, que só possui operação de nióbio no Brasil. Em 2010, um documento secreto do Departamento de Estado americano, vazado pelo site WikiLeaks, incluiu as minas brasileiras de nióbio na lista de locais cujos recursos e infraestrutura são considerados estratégicos e imprescindíveis para os EUA. Mais recentemente, o nióbio voltou a ganhar os holofotes em razão da venda bilionária de uma fatia da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), maior produtora mundial de nióbio, para companhias asiáticas. Em 2011, um grupo de empresas chinesas, japonesas e sul coreana fechou a compra de 30% do capital de mineradora com sede em Araxá (MG) por US$ 4 bilhões. Purificado o minério, teríamos 44 milhões de toneladas de óxido de nióbio, com grau de pureza de 99,9%. Valendo US$ 20.000,00/tonelada, perfazendo um montante de US$ 873,7 bilhões de dólares.

Considerando-se a agregação média de 200 vezes o valor do óxido de nióbio ao criar superligas, chega-se à cifra de US$ l74,74 trilhões de dólares, ou seja, 86 vezes o PIB brasileiro de 2010. Se o governo brasileiro não se curvasse aos interesses internacionais, exigindo transferência de tecnologia aos países importadores do nosso valioso minério, os recursos gerados seriam suficientes para alavancar o Brasil para o desenvolvimento econômico… Caso os recursos do nióbio ficassem no Brasil e fossem direcionados, honestamente, para desenvolvimento econômico e social, não precisaríamos pagar planos de saúde e escolas para os filhos, a exemplo do desenvolvido e rico Canadá que, além disso, não tem a pesada carga tributária sofrida pelo nosso povo. Enfim, a espoliação que o Brasil sofre quanto à exploração e exportação do nióbio, com prejuízos para o Brasil, conforme denúncias diversas, acima de 250 bilhões de dólares, merece a abertura duma CPI do Congresso Nacional. Itapema, 07 de abril de 2015 – Stalin Passos – economista.